quarta-feira, 12 de agosto de 2015

FOLKABILLY, EU SOU A EXCEÇÃO (2013)


FAIXAS

01. Folkabilly 02:57
02. Você 01:33
03. Ópera da Menina do Sertão 03:46
04. Meu Amigo Diogo 03:00
05. Lúcifer Baião (Black Metal Forró) 04:51
06. Eu Sou a Exceção 04:13
07. As Pernas de Esther 02:56
08. Político Não é Fácil 03:15
09. Arrasa Corações 03:41
10. Folkabilly (Reprise) 01:02
11. Love 666 10:26

Duração do álbum 00:41:44
Lançado em 29 de maio de 2013

O ÁLBUM

Depois de ter terminado o Pure Pepperoni eu sosseguei por um tempo com as composições. Mas, logo eu acabei voltando. É viciante fazer esse tipo de coisa. E eu estava passando por momentos completamente diferentes aos que eu estava passando na época do primeiro álbum. E isso se refletiu nas canções.
Eu estava em um período meio revoltado com as coisas. Eu queria gritar de alguma maneira. Precisava me expressar de novo. Me lembro que em uma conversa com meu amigo Diogo ele havia me dito que preferia músicas em português porque ele podia entender as letras. Além disso, eu estava ouvindo fanaticamente Raul Seixas. Eu queria me tornar um Raul Seixas (sem as drogas e sem aqueles rituais estúpidos que ele fazia com o Paulo Coelho) Eu queria ser ocultista de verdade. Era uma parada de ideias. Eu gostava da maneira que ele se expressava nas canções. Muitas delas com claros erros de português e concordância. Mas, era assim que ele se expressava. E funcionava muito bem. A partir desse ponto, uma mudança aconteceu na minha maneira de compor as letras. Nesse álbum eu queria compor tudo em português. E sem me prender a rimas e métricas. O Raul tinha ótimo isso, era quase um rap. Em várias canções dele as melodias eram curtas e as letras eram enormes, e ele tinha que correr pra cantar, pra encaixar tudo. O melhor exemplo disso é a canção "Ouro de Tolo".
Eu tinha que dar um pontapé inicial no álbum. E, inspirado pela canção "Eu Também Vou Reclamar" do Raul, eu escrevi a canção "De Que Adiantou?" e rapidamente gravei um videoclipe. Veja abaixo:


Para incorporar bastante o espírito folk, eu andava ouvindo bastante Bob Dylan. Eu já tinha em mente que este álbum ia ser mais simples do que o anterior. Eu já sabia que eu só usaria violão, guitarra, bateria, gaita, pandeiro e outras percussões. Nada de piano, órgão, harpa, etc.
Tendo isso em mente, com exceção de uma canção (Lúcifer Baião) eu não usei o Fruity Loops. Pra bateria usei apenas o Hydrogen e fiz tudo em forma de loops. Eu deixei um loop de bateria que eu tinha feito e toquei em cima com o violão ou com a guitarra. Depois eu acrescentei as viradas. Eu não coloquei contrabaixo. Usei uma outra faixa de guitarra fazendo o papel do baixo, só que sem alterar a oitava. Simples assim. Estruturalmente, me inspirei no álbum Sgt Pepper's Lonely Hearts Club Band dos Beatles. Eu coloquei uma canção título e depois uma versão reprise dela antes do último número. A canção título acabou sendo Folkabilly, que fazia uma referência a folk e rockabilly. Resolvi não colocar no álbum a canção "De Que Adiantou?" e mantê-la apenas como single. E depois de alguns meses gravando, voilá! Estava pronto... ou quase. Faltava a capa, é claro!

A CAPA DO ÁLBUM

Como eu amo coisas vintage e coisas que fazem referência ao clássico, a capa do álbum não ia ser diferente. Sempre gostei muito da capa do álbum With The Beatles:


E também apreciava muito a capa do álbum A Very She & Him Christmas da dupla folk She & Him:


E vários álbuns antigos e vintage imitam este layout. Logo, eu queria ter o meu. Tirei a foto com minha cortina branca ao fundo. Depois, pintei ela de vermelho no Photoshop. A capa estava pronta:


Repare na figura que eu coloquei abaixo do "Stereo". Coloquei um "Olho que tudo vê" pra simbolizar o ocultismo do álbum. Mantendo o estilo, fiz a contra-capa:


Agora sim, o álbum estava 100% pronto. Consegui fazer mais um.

TEMÁTICA DO ÁLBUM

Os temas principais do álbum são a revolta e a perversão. É um álbum pesado em termos de conteúdo, inclusive uma das faixas fala sobre estupro.

SOBRE AS CANÇÕES DO ÁLBUM

1. FOLKABILLY
Canção título. Esta é uma típica canção folk. Eu queria ter gravado ela com banjo ao invés de guitarra. Mas, na época não tinha como eu fazer isso. Ela é inspirada (até demais) na levada da canção "Don't You Look Back" da Mallu Magalhães. Sempre admirei o trabalho dela e curto até hoje.

2. VOCÊ
Essa canção eu já havia composto na adolescência, só que a letra era um pouco diferente e era em inglês. Se chamava "Shut Up!". Como eu queria o álbum todo em português, eu fiz uma nova versão. Ela segue uma cadência básica de rock.

3. ÓPERA DA MENINA DO SERTÃO
Eu queria fazer algo tipo cordel, mas sem ser exatamente cordel. Entende? Eu também não, hehe! É a canção de faroeste do álbum. Faroeste do sertão. Conta a história de uma garotinha que foi estuprada por um coronel corrupto e depois se suicidou. Seu pai foi em busca de vingança. Pois é, tema pesado esse.

4. MEU AMIGO DIOGO
Essa foi uma das primeiras canções que eu gravei para o álbum. É dedicada a meu grande amigo Diogo, que é meu amigo desde os tempos da escola. O Raul Seixas tinha uma canção chamada "Meu Amigo Pedro". Daí veio a ideia para o título da canção.

5. LÚCIFER BAIÃO (BLACK METAL FORRÓ)
Certa vez eu vi uma entrevista do Raul Seixas dizendo que Luiz Gonzaga e Elvis Presley eram a mesma coisa. E ele prova isso tocando uma versão de Asa Branca misturada com Blue Moon Of Kentucky. E ele também tinha composto a canção "Let Me Sing, Let Me Sing" que misturava rock and roll com forró. Era genial! O Raul era foda! Então, resolvi brincar um pouco com a ideia e misturei um pouco de black metal com forró. Na parte do black metal, eu usei trítono, e é o único trecho do álbum que eu usei o FL.
Só pra explicar direitinho: Trítono é um intervalo entre alturas de duas notas musicais que possui exatamente três tons inteiros. Isso gera uma dissonância complexa e deixa o som sinistro. É conhecido como 'Diabolo in Musica' (Diabo em Música). É sério! O nome é esse mesmo. Pode pesquisar! Por muito tempo, a igreja católica proibia os compositores de utilizarem esse recurso. Besteira! Vários acordes possuem trítono. E muitas músicas clássicas utilizam trítono.
Depois desse trecho inicial a música entra em modo de forró. Me inspirei na canção "As Aventuras de Raul Seixas na Cidade de Thor" para o ritmo. Aí veio a parte divertida, porque eu gravei da forma mais caseira possível. Usei o violão pra base. Peguei uma colher e toquei o suporte de pendurar vasos de planta. É umas espécie de suporte triangular de metal que se pendura na parede. Usei isso como triângulo. Peguei uma colher de pau e um balde de plástico pra fazer um tambor. E toquei minha gaita chinesa pra simular um acordeon.
A letra eu me baseei em coisas que minha mãe me contou sobre ocultismo. Coisas simples, mas que seriam legais de se colocar em uma canção. Coloquei algumas piadas no meio pra dar um grau e pronto. Me lembro do dia que eu compus a letra. Foi numa madrugada. Virei a noite compondo essa letra e quando amanheceu e minha mãe acordou, eu chamei ela e toquei a canção. Ela gostou bastante.

6. EU SOU A EXCEÇÃO
Eu estava muito chateado e revoltado quando fiz essa. Queria colocar pra fora alguns sentimentos ruins que eu estava tendo. Extravasei. É comum nos decepcionarmos com as pessoas que conhecemos. Enfim...

7. AS PERNAS DE ESTHER
A inspiração para o titulo veio de um dos filmes do cineasta francês Éric Rohmer. O filme se chamava "O Joelho de Claire".
Me inspirei pelas letras do meu amigo Elias Pacheco (de quem vou falar muito aqui no blog, pois vou fazer uma resenha de seus trabalhos). O Elias tem umas letras profundas e algumas bem pornográficas. Sempre curti essa atitude dele de ser bem direto nas letras. Eu queria ter uma canção com ares pornográficos. Eu queria que a letra fosse ambígua, com pelo menos duas interpretações. 

8. POLÍTICO NÃO É FÁCIL
Minha canção anti-políticos corruptos do álbum. Fala da falsidade deles que, em época de campanha abraçam as pessoas, pegam as crianças carentes no colo, etc. Depois que ganham as eleições, nem dão as caras. Só que eu escrevi a letra colocando o político corrupto na primeira pessoa. O título foi inspirado na "Vagabundo Não é Fácil" dos Novos Baianos.

9. ARRASA CORAÇÕES
Uma canção minimalista sobre uma femme fatale.

10. FOLKABILLY (REPRISE)
Uma versão diferente da primeira faixa do álbum. Aqui, eu me despeço do ouvinte e anuncio que vou tocar a última canção.

11. LOVE 666
Essa canção é inspirada nas canções bregas, como por exemplo, na canção "Mon Amour Meu Bem Ma Femme" do Reginaldo Rossi e na canção "Tu és o MDC da Minha Vida" do Raul Seixas. Eu queria contar a história de amor entre um cara cristão e uma garota satanista. Tudo no maior sarro, é claro. Deixei ela por último no álbum porque é a mais longa.

CANÇÕES QUE FICARAM DE FORA DO ÁLBUM

VAI PRA CASA DO CHAPÉU
Essa canção só não entrou no álbum porque nela tem trompetes e outros efeitos. E eu não queria isso no álbum. Depois, eu modifiquei a música, cortei uns trechos e renomeei-a como "Hat House (Est Mon Cul). Ela entrou só no álbum seguinte, o "The Bus".

OKLAHOMA MOTEL
Essa canção é ótima. Tem um tom de faroeste (novidade). Só que na época eu não conseguiria produzir ela da maneira que eu gostaria. Eu tenho uma versão dela. Mas, ela merece ser regravada antes de ser lançada em um álbum ou em um single.

SINGLE

DE QUE ADIANTOU?
Essa canção fala a respeito das dúvidas que eu tinha em relação ao meu futuro. Profissionalmente falando. Para ouvi-la, clique aqui.

CONCLUSÕES SOBRE O ÁLBUM

É meu álbum mais simples até hoje. Quase todas as músicas têm clipping. E nenhuma tem clipe. Acabei não fazendo vídeo das canções. Nem eu sei o motivo. Mas, foi importante fazer o álbum do jeito que foi feito, na simplicidade. Porque já mostra que eu usei um método diferente ao que eu havia usado no álbum anterior. Esse álbum foi o último em que eu apliquei esse método. É interessante ouvir hoje e me lembrar das coisas que eu pensava quando eu gravei este álbum. Eu já pensei em fazer um Folkabilly Vol. 2 e vomitar mais algumas letras dessas. Quem sabe um dia eu não re-visito esse estilo?



É possível ouvir o álbum na íntegra abaixo ou clicando aqui.


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